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Dores crônicas, estado emocional e o papel do Yoga como tratamento integrativo

  • Foto do escritor: Mayara Rosa Gonçalves
    Mayara Rosa Gonçalves
  • 17 de jan.
  • 3 min de leitura

Quando pensamos em dor automaticamente a interpretamos com um sinal de sofrimento. A dor, seja ela por um aspecto físico conhecido ou não, é um sinal de alerta para a mente humana e devido a suas diferentes características e interpretações individuais este tema tem despertado muito interesse de pesquisadores.


A International Association for the Study of Pain (IASP) descreve a dor como sendo “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesão tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão”.

Porém em 2020 a IASP expandiu este conceito e passou a descrevê-lo a partir de 6 pontos: (1) experiência pessoal que é influenciada em vários graus por fatores biológicos, psicológicos e sociais; (2) não pode ser inferida apenas da atividade dos neurônios sensoriais; (3) conceito aprendido; (4) o relato de uma pessoa de uma experiência como dor deve ser respeitado; (5) pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico; (6) etimologia: inglês médio, do anglo-francês peine (dor, sofrimento), do latim poena (pena, punição), por sua vez do grego poine (pagamento, pena, recompensa) (Raja et al., 2020).


Ainda podemos classificar a dor como aguda, sendo essa a dor fisiológica, que é um sinal de alerta para alguma desordem no organismo, com tempo limitado para sua manifestação.

E a dor crônica, aquela que não têm a finalidade biológica de alerta e sobrevivência e podemos dizer que se constituem como verdadeiramente uma doença (Marquez, 2011). Pode ser causada por disfunção prolongada dos componentes do sistema nervoso ou por fatores ambientais e/ou psicopatológicos. Pacientes que apresentam quadros de dores crônicas muitas vezes demonstram desordens psicoemocionais associadas, que afetam seu dia a dia e relações interpessoais.


O fato da etiologia da dor ser parcial ou totalmente de origem psicológica não significa que ela não seja real. E vai ser a realidade vivida por cada paciente que indicará a relação deste paciente com sua própria dor (Bastos et al., 2007).


A qualidade e a quantidade da dor dependem (e varia de pessoa para pessoa) do entendimento da situação geradora da dor, experiência prévia com o desencadeador álgico, cultura, da atenção, ansiedade e capacidade da pessoa em se abstrair das sensações nóxicas (distração) e dos sentimentos de controle da dor (Melzack & Wall, 1983 apud Marquez, 2011).


Devido a essa interpretação complexa, o tratamento da dor também tem um desdobrar complexo e deve envolver uma equipe multidisciplinar (médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas integrativos, etc.).


Um fato que merece atenção é: sabemos que a sociedade atualmente é movida pela busca por soluções rápidas e mágicas para todo tipo de problema. Por isso, e pelo acesso facilitado a compra, o consumo de analgésicos tem aumentado de forma exponencial e as pessoas estão se automedicando, sem conhecimento prévio sobre as substâncias presentes nos medicamentos e os danos colaterais que podem causar à saúde.


A falta de esclarecimento dos malefícios do uso indiscriminado de medicamentos, a maciça campanha das empresas farmacêuticas, e os milagres que ela promete proporcionar destroem a saúde da população de forma silenciosa e lenta (Bastos et al., 2007).


As práticas de yoga entram nesse cenário como uma alternativa não medicamentosa com embasamento científico para reduzir estresse e depressão, melhorar o estado funcional e reduzir a percepção da dor em pacientes com quadros de dor crônica.


Yoga é uma prática mente-corpo baseada em ciência profunda que pode ser utilizada como um complemento à terapia médica que afeta todo o corpo e mente, aumentando a saúde física e mental e melhorando a qualidade de vida. É uma intervenção de baixo custo que, ao contrário dos medicamentos, não tem efeitos colaterais e tem uma influência benéfica em todo o corpo (Gupta et al., 2022).


Estes mesmos autores citam um estudo conduzido em praticantes de yoga na América do Norte, que analisou as alterações anatômicas na substância cinzenta e branca do cérebro, e indicou que os praticantes de yoga tinham mais integridade da substância branca intrainsular esquerda do que o grupo de não praticantes de yoga, e eles eram capazes de suportar mais dor devido a sua ativação do sistema nervoso parassimpático e maior consciência.

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(O Yoga) tem propriedades imunomoduladoras, reduz a percepção da dor, regula o eixo psico-neuro-imune, reduz a gravidade da depressão, reduz o quociente de incapacidade e melhora a qualidade de vida. Portanto, yoga é útil para pacientes com dor crônica como um tratamento complementar que melhora a função física e aumenta a resiliência emocional e o bem-estar mental. — Gupta (2022)


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