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Quando fiz as pazes com a minha menstruação

  • Foto do escritor: Mayara Rosa Gonçalves
    Mayara Rosa Gonçalves
  • 11 de jul. de 2022
  • 4 min de leitura

Esse texto é um relato pessoal que eu julguei necessário compartilhar devido a demanda que recebo das mulheres que atendo sobre "não gostar de menstruar". Eu já vivi na sombra dessa crença e fiz um trabalho interno bem intenso para desconstruí-la.

Vou começar lá na menarca, o período que sinaliza para a menina que a infância acabou e está na hora da adolescência.


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Minha menarca chegou quando eu tinha 11 anos, eu tinha medo de menstruar, sempre escutei amigas mais velhas, familiares e até propagandas na televisão que menstruar dói, que era ruim usar absorventes, eu via as mulheres com vergonha do período menstrual, pedindo absorvente em segredo para as amigas, o sangue não podia aparecer ("ai se algum menino visse a calça manchada"). Enfim, eu escondi minha menstruação da minha mãe por dias, lavava as calcinhas escondido, queria ficar sozinha, fiquei muito triste porque eu adorava ser criança, eu ia ter que para de brincar?

Além da maioria das meninas já estarem super dispostas a namoradinhos, a sair e tinham vários segredinhos sobre meninos, eu ainda não ligava muito para isso, gostava de brincar e de ler horoscopo, ir em lojas de bruxinhas e pesquisava sobre Feng Shui e Wicca, me sentia super deslocada e fora de contexto. Quando contei para uma amiga que minha menstruação desceu ela me falou: "Nossa, meus pêsames!". Me senti péssima.


Com 17 anos comecei a tomar anticoncepcional. Usei remédio até os 28 anos, sem interrupção. Nesses 11 anos, eu não gostava de ser pega de surpresa pela chegada do sangue, eu tinha alergia aos absorventes, minha virilha ficava em carne viva, eu tinha muita cólica, candidíase de repetição, baixa libido (muitas vezes até rejeição de sexo). Tive depressão, ansiedade e gastrite.


Em 2018, aos 28, descobri que as crises que eu tinha e ia parar no hospital de dor e todos médicos pensavam de início que era apendicite e depois do buscopan apenas ignoravam, na verdade era endometriose. Foram 11 anos tomando hormônios e mesmo assim desenvolvi a doença.


Para tratar a endometriose, parei o remédio em novembro de 2018, após conversar com meu namorado e nós dois concordarmos com isso (?). Em janeiro de 2019, descobri que estava grávida e segundo as médicas, esse é o "melhor remédio" para endometriose.

Mateus nasceu em setembro de 2019. E para a doença "não voltar" comecei a tomar anticoncepcional de uso contínuo, para não menstruar, o que não aconteceu, eu menstruava 2 ou 3 vezes no mesmo mês. E a endometriose voltou!


A maternidade me trouxe um novo olhar para o UNIVERSO DO SER MULHER e sob esse novo olhar fui pesquisar opções para a minha endometriose, cheguei na ginecologia natural! E aqui sim começou a revolução...


Primeiro entendi as desvantagens do uso dos absorventes descartáveis: 1. Poluem muito o meio ambiente, uma pessoa que menstrua e usa absorventes descartáveis gera cerca de 150Kg de lixo durante a vida fértil; 2. O material plástico desregularam o pH vaginal, porque não são respiráveis, aumenta a temperatura, deixando assim a vagina mais susceptível a presenta de fungos (lembram que eu falei sobre a candidíase de repetição?); 3. Presença de neutralizadores de odor e perfumes que contém corantes, poliéster, adesivos, polietileno (PET), polipropileno e propileno-glicol, e outras substâncias que são ligadas à disrupção hormonal, câncer e infertilidade; 4. Causa alergias de pele; 5. Custo elevado, dinheiro que jogamos no lixo, realmente! 6. Interferem no processo de autoconhecimento feminino, a menstruação (cor, cheiro, aparência do sangue) diz muito sobre a saúde do nosso corpo e sobre os nossos hábitos!

Passei a usar absorventes de pano.


Iniciei uma Jornada com Yoni Eggs:

Comecei a fazer minha Mandala Lunar para "mapear" meu ciclo, meus sintomas e comportamentos em cada período.

Depois conheci a prática de "plantar a Lua": o ritual de colher o sangue menstrual diluído em água e depositá-lo em plantinhas, vasos e na terra. É uma simbologia para encerrar um ciclo, para purificação nosso corpo devolvendo parte dele a Terra, honrando a conexão com a Grande Mãe, aquela que da a Vida a tudo e todos os Seres.


E quando comecei a fazer minha Pós Graduação em Terapias Integrativas para o Feminino, com o @sabererfemininosaplicados, nas aulas de Ginecologia Natural, tive acesso aos saberes ancestrais, a simbologia e arquétipos do ciclo menstrual. E por incrível que pareça, descobri a importância de LER A BULA DO ANTICONCEPCIONAL (alguém já fez isso?).


Hoje compreendo cada fase, acompanho minhas alterações de humor e físicas como parte das informações sobre minha saúde física, mental, emocional e espiritual.


Desenvolvi meus rituais de autocuidado, quais chás ervas e anotações são importantes, quais dias estou mais presente e produtiva no trabalho, a fase que as minhas sombras se manifestam e eu dou passagem para elas, também são parte de mim e esse é meu tempo de cura (TPM), quando me recolher e não me cobrar tanto.

Conhecer, aceitar, compreender e dar passagem para meu ciclo menstrual, em todas as suas fases, foi a minha chave mágica para desenvolver RESPEITO POR MIM MESMA.

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